segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Poema de sete faces



Poema de sete facesQuando nasci, um anjo tortodesses que vivem na sombradisse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homensque correm atrás de mulheres.A tarde talvez fosse azul,não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:pernas brancas pretas amarelas.Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.Porém meus olhosnão perguntam nada.

O homem atrás do bigodeé sério, simples e forte.Quase não conversa.Tem poucos , raros amigoso homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonastese sabias que eu não era Deusse sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundose eu me chamasse Raimundo,seria uma rima, não seria uma solução.Mundo mundo vasto mundo,mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizermas essa luamas esse conhaquebotam a gente comovido como o diabo.
Carlos Drummond de Andrade
(...) Pois de tudo fica um pouco.Fica um pouco de teu queixono queixo de tua filha.De teu áspero silêncioum pouco ficou, um pouconos muros zangados,nas folhas, mudas, que sobem.
Ficou um pouco de tudono pires de porcelana,dragão partido, flor branca,ficou um poucode ruga na vossa testa,retrato.
(...) E de tudo fica um pouco.Oh abre os vidros de loçãoe abafao insuportável mau cheiro da memória.
(Resíduo)

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

 Carlos Drummond de Andrade - Quero
 Carlos Drummond de Andrade - Procura de poesia
 Carlos Drummond de Andrade - Poema patético
Carlos Drummond de Andrade - Poema de sete faces

Memória Viva de Carlos Drummond de andrade

Memória
Amar o perdidodeixa confundidoeste coração.
Nada pode o olvidocontra o sem sentidoapelo do Não.
As coisas tangíveistornam-se insensíveisà palma da mão
Mas as coisas findasmuito mais que lindas,essas ficarão.